Edit Content

Menu

stela-fixa

Bastidores da TI: Ricardo Miranda, da Santos Brasil

Bastidores da TI: Ricardo Miranda, da Santos Brasil

Meu entrevistado desta edição da Bastidores da TI é um precursor. Ricardo Miranda, CIO e CTO da Santos Brasil, empresa que atua na área de operações portuárias e logística integrada no porto de Santos, em São Paulo, começou a interagir com tecnologia aos 15 anos, quando ganhou um computador do pai.

Se debruçou sobre o equipamento e, como autodidata, desenvolveu um sistema que conseguiu inclusive vender para uma clínica médica e isso foi determinante na sua escolha profissional. “Criei uma startup sem saber que era uma startup”, brinca Ricardo.

Mas este foi só começo. Aos 33 anos já fazia parte do board da Pirelli, fabricante de pneus, representando a área de tecnologia. Conheça sua trajetória, seus projetos e planos na Santos Brasil nesta deliciosa conversa que tivemos.

Compartilhar:

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on whatsapp

Paixão precoce por tecnologia

Depois de me contar a história de sua entrada na área, ainda adolescente, Ricardo Miranda, CIO e CTO da Santos Brasil, disse que se apaixonou por tecnologia por conta das transformações que ela pode promover. E assim tem sido em sua caminhada multisetorial e multinegócios. Nos 18 anos na Pirelli, onde explica que o produto era o mesmo, pneu, mas cada modelo com características bem diferentes, fez carreira partindo de analista até chegar a diretor e ter cadeira no board.

Depois, Ricardo atuou na Accenture e em seguida assumiu a tecnologia da Suzano Papel e Celulose, onde teve seu primeiro contato com a área florestal e do agronegócio. “Tecnologia entre quatro paredes é uma coisa, no campo é outra.” Na empresa iniciou a digitalização do processo florestal, área para a qual a tecnologia disponível ainda era incipiente, e aplicou TI também para integrar floresta e fábrica.

O passo seguinte foi na indústria farmacêutica Cimed, onde o esperava um outro tipo de processo fabril com um forte fator de regulamentação. Na Deloitte, onde esteve por seis anos, assumiu um papel diferente, no back office, com o desafio de transformar a empresa internamente e oferecer a melhor experiência ao funcionário por meio da tecnologia, de forma a aprimorar cada vez mais o atendimento aos clientes.

Ricardo comenta que todas as empresas pelas quais passou eram multinegócios, então não havia o “one size fits all”, assim como não acontece também na Santos Brasil, empresa que atua na área de operações portuárias e logística integrada ao porto de Santos, em São Paulo, onde os terminais são diferentes, os centros de distribuição são diferentes e assim por diante…

Mas diz que a diversidade de empresas e a variedade de negócios em cada uma delas o ajudaram e, continuam contribuindo para sua atuação profissional, que a chave é ter paixão pelo negócio. “Sempre tive o olhar de como a tecnologia poderia tocar as pessoas, a cadeia, o processo produtivo e o negócio.”

Ricardo está há cerca de um ano na Santos Brasil. A empresa foi criada em 1997 para operar o Tecon Santos, o maior terminal de contêineres da América do Sul e movimenta 18% do total de contêineres de todo o país, tem o principal terminal de importação e exportação de veículos do País e é responsável pelo gerenciamento de entrada e saída de produtos tão diversos quanto automóveis e líquidos, incluindo combustíveis, além de produtos como livros e vinhos, entre outros.

A operação, que envolve um total de 3,1 mil funcionários, começa com o transporte do contêiner do mar para a terra, abertura do contêiner, desembaraço, separação das mercadorias e transporte em uma operação que inclui tanto o B2B quanto o B2C e envolve transportadoras próprias, de terceiros e dos próprios clientes, dentro de um conceito que vai do porto ao e-commerce, passando por centros de distribuição, tudo isso em um ambiente super controlado em termos de acesso e que funciona 24×7 todos os dias do ano. “E quem gerencia toda essa fluidez é a tecnologia”, afirma Ricardo. A empresa está listada na bolsa e tem como controlador o Banco Opportunity.

O executivo conta que teve uma grata surpresa com o nível de digitalização do setor logístico portuário, que além de ser altamente regulamentado reúne uma quantidade enorme de players como despachantes, seguradoras, Receita Federal, transportadoras e outros que têm que estar conectados e integrados.

E o que a gestão de Ricardo está realizando é potencializar toda a parte de analytics, com big data e modelos preditivos focando na inteligência baseada em dados, internos e externos, na direção do data driven management. O outro foco é a hiperautomação. Neste segundo ponto está em curso um projeto que prevê a operação totalmente remota de um equipamento que movimenta os contêineres, que deve entrar em operação no próximo ano. Atualmente estão sendo compradas as máquinas.

De acordo com Ricardo, o processo vai beneficiar o operador que poderá sair de um ambiente hostil, a cabine da máquina, para um local mais agradável, com conforto e sociabilização. “Temos a preocupação com a experiência do funcionário”, diz ele, mas reconhece que toda nova tecnologia traz um pouco de desconforto com a mudança de um cenário conhecido para um desconhecido. Como resolver esta questão? Ricardo defende a comunicação, treinamento e ressaltar o motivo da mudança e os benefícios que irá causar.

Entre as dores, Ricardo aponta as de mercado, como a escassez de mão de obra qualificada e a falta de produtos como processadores, fundamentais em equipamentos com tecnologia embarcada, que é o caso dos utilizados pela empresa. E há também as dores específicas do setor como os desafios de montar uma arquitetura nova considerando o que hoje está disponível em tecnologia, assim como os limites do ambiente onde a Santos Brasil atua tais como conectividade onde o porto está instalado, a própria velocidade, o ritmo do porto e outras questões como a necessidade de sempre estar no ar e com latência mínima dado o tipo de operação.

Segundo ele, a questão está em criar esta arquitetura dentro deste contexto, considerando ainda os diversos players, e atingir o pleno funcionamento de tudo. Por fim, destaca que a maturidade de uma empresa pode ser medida em quanto ela conta e se apoia no digital e na tecnologia.

*Stela Lachtermacher é jornalista de TI, com atuação como editora e colunista no Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Editora Abril e diretora editorial na IT Mídia. Hoje tem sua própria empresa, a Candelabro, onde trabalha na produção de conteúdo para todas as plataformas editoriais e participa do Conselho Editorial da Decision Report.

Conteúdos Relacionados