Arrumando o avião em pleno vôo
Ana Paula Corazzini, diretora de TI da Elgin nasceu em Birigui, cidade do interior de São Paulo, e cursou Ciência da Computação na terceira turma do curso na PUC – SP sem saber propriamente onde aquilo iria dar. O curso ainda era pouco conhecido e antes da faculdade nunca tinha ligado um computador, como ela conta. Foi gostando e diz que conseguir resolver problemas de pessoas era algo que a atraía, bem como a parte de banco de dados. Trabalhou em consultoria o que, segundo Ana, lhe deu o pano de fundo para entender as necessidades do negócio. E afirma que quem passa por uma cadeira de tecnologia acaba tendo a oportunidade de conhecer tudo do negócio, com o privilégio de poder juntar as duas coisas.
Depois das consultorias, Ana foi para o Unibanco e diz que o mercado financeiro sempre foi uma grande escola em função de todos os planos econômicos que o País enfrentou. Viveu a fusão com o Itaú, então como gerente responsável pelos sistemas de sinistro, jurídicos e produtos residenciais. Tempos depois, vivenciou também o momento em que o Itaú virou acionista da Porto Seguro e incorporou as áreas de automóvel e residencial.
Era o ano de 2015 e Ana então migrou para a Porto Seguro como gerente executiva de sinistros e neste processo fez o chamado tombamento de 100% da carteira e a migração para a nova estrutura. Ela explica que o sistema da Porto Seguro era monocompany e o do Itaú multicompany e os altos executivos queriam ver os resultados separadamente mas dentro da mesma solução. Foi feito um grande projeto para permitir a exibição de resultados e geração de relatórios no mesmo sistema, mas separado por empresa.
Procurada por um head hunter, participou de um projeto seletivo para a Elgin e conta que a entrevista presencial, depois de várias etapas, seria três dias depois de decretado o lock down por conta do corona vírus, em março de 2020. O processo só foi retomado em junho daquele ano e em julho entrou para a companhia. As tradicionais máquinas de costura portáteis com as quais a Elgin, uma empresa familiar criada em 1952 deram lugar a outros produtos tendo como carros-chefe hoje as linhas de ar-condicionado e refrigeração, que compreende câmeras frias usadas em supermercado, açougues e até mesmo no Instituto Butantã, para a preservação de vacinas, além dos segmentos de energia solar e móveis para escritórios. A companhia possui 2,5 mil funcionários, duas fábricas em Manaus e uma em Mogi das Cruzes, em São Paulo
“Nunca tinha trabalhado em indústria e com a pandemia só pude conhecer a fábrica em agosto e só tive contato pessoal com o time no ano seguinte.” “Este foi o primeiro desafio, trabalhar de forma virtual com pessoas que eu não conhecia. Isso dificultou também conhecer a própria cultura da empresa.” Ela conta que quando chegou havia uma área para ser estruturada. O próprio cargo de CIO não existia até então. Ana diz que a experiência em setores pulsantes como o financeiro, com funcionamento 24×7, onde a TI é muito avançada, foram fundamentais e trouxe os ensinamentos para seu trabalho frente à área na Elgin.
Nestes três anos, Ana estruturou o time de TI, antes um pequeno departamento, estabilizou o SAP que já era usado mas não em todo o potencial do sistema, fez a migração do ERP utilizado em uma fábrica que havia sido adquirida, criou o e-commerce, CRM, fez o roll out do Salesforce, estruturou a base do BI e agora a empresa trabalha 100% em cloud. “Meu pensamento inicial foi, se vamos começar do zero, então vamos começar direito”.
E acrescenta: “os projetos estruturais estão feitos”, comemora. Hoje, juntamente com a diretoria industrial, a fábrica está sendo automatizada rumo à indústria 4.0 e Ana diz que já trabalha com inteligência artificial em modelos preditivos de vendas e no cruzamento de bases próprias e públicas para sugerir processos de vendas de forma a potencializar a área comercial.
Para chegar a uma visão 360º do cliente, uma vez que a Elgin não atua no business-to-consumer, apenas no business-to-business, a equipe de TI desenvolveu um aplicativo voltado aos instaladores de ar condicionado, que são credenciados pela empresa. “Desta forma, eu identifico o instalador, onde está sendo instalado o equipamento e consigo trabalhar, também, medidas preventivas”. Segundo Ana, a solução ajuda o profissional a fazer a melhor instalação de acordo com cada local e ainda a deixar equipamento regulado para a temperatura mais adequada.
“São ações para trazê-lo para perto da gente e para ajudá-lo, ensinando-o a manipular cada um dos aparelhos.” Ela conta que o aplicativo foi lançado em setembro e já foram feitos mais de seis mil downloads. A executiva diz que a área vem avançando de forma muito interessante. Destaca o apoio e disposição da empresa de querer que as coisas aconteçam e acrescenta: “precisamos prover as melhores condições para que as áreas atinjam suas metas”.
*Stela Lachtermacher é jornalista de TI, com atuação como editora e colunista no Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Editora Abril e diretora editorial na IT Mídia. Hoje tem sua própria empresa, a Candelabro, onde trabalha na produção de conteúdo para todas as plataformas editoriais e participa do Conselho Editorial da Decision Report.