A transição para nuvem continuará até que se estabeleça um novo equilíbrio entre a Cloud e o tradicional. Segundo levantamento da IDC, mais de 87% das empresas afirmam que contarão com um Data Center próprio ou terceirizado em 2022
A adoção de cloud aumentou significativamente com a chegada da pandemia da COVID-19 em 2020. Se antes, o processo de migração para a nuvem já se encontra em movimento, após a crise sanitária em todo o mundo, empresas tiveram que correr contra o tempo para agilizar os procedimentos. Um dos principais motivos foi a rápida mudança de seus colaboradores para o trabalho remoto.
Essa tendência em ambiente em nuvem parece seguir cada vez mais presente ao longo de 2022. É o que revela o “IDC Predictions Brasil 2022”, relatório que apresenta as tendências e previsões para TI e Telecomunicações no Brasil. Segundo o levantamento, os ambientes híbridos, que incluem Cloud e recursos de TI tradicional, estarão presentes em mais de 70% das empresas, seja médio ou grande porte.
A necessidade de maior agilidade e flexibilidade na infraestrutura de TI tem impulsionado a adoção de nuvem no Brasil. O levantamento mostra também, que para 97% das empresas entrevistadas, utilizar algum modelo de Cloud e indicaram ainda que manterão ou aumentarão o volume de workloads suportados por esse tipo de ambiente em 2022.
O Data Center tradicional ainda tem sua importância para os negócios, seja para suportar cargas de trabalho de legado ou determinadas aplicações com requisitos específicos. Apesar de existir um movimento constante de migração para a nuvem, o ambiente físico ainda se mostra muito relevante e com força dentro das organizações.
“Ajustar as práticas de segurança de TI para abranger os ambientes de nuvem será o principal desafio dos gestores, que buscarão ajuda nos provedores de serviços especializados em 2022. Neste cenário, o Data Center tradicional manterá sua importância para os negócios e estará presente em mais de 87% das empresas”, explica Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria de enterprise da IDC Brasil.
Por outro lado, os gastos com IaaS (Infraestructure as a Service) na nuvem pública alcançarão US$ 1,9 bilhão em 2022, um crescimento acima de 36% em relação ao ano anterior, enquanto a nuvem privada manterá um ritmo de crescimento mais discreto, avançando cerca de 7,9%, com gastos de US$ 540 milhões.
Prevendo um outro crescimento ainda para esse ano, a IDC também destaca que o mercado de TIC em 2022 no Brasil, terá um crescimento de 8,2%.
Entre as previsões divulgadas pela IDC, o destaque vai para:
1) Uso de dados para impulsionar negócios colocará Analytics, AI/ML e Data Management na pauta prioritária de mais de 47% das empresas. Edge e 5G contribuem para este movimento
Cada vez mais as empresas compreendem a necessidade de se ter insights acionáveis sobre seus próprios dados, especialmente com a ascensão dos canais digitais. Em 2022, a IDC estima que U$ 2,9 bilhões serão destinados a soluções e serviços relacionados a Big Data & Analytics no Brasil, um aumento de 10,8% em relação ao ano passado. Já em Inteligência Artificial e Machine Learning, a expectativa da IDC é de um crescimento de 28% no mesmo período, chegando a U$ 504 milhões.
“Mesmo havendo uma evolução clara, muitas empresas ainda carecem de uma cultura de dados estabelecida e difundida nas áreas de negócios, o que é necessário para que se possam estabelecer métricas e modelos de tomada de decisão ágeis, gerando maior competitividade. Neste contexto, o avanço do edge computing, estimulado pelo 5G, deve ocupar papel de destaque”, comenta Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria de enterprise da IDC Brasil.
2) Implantação do 5G standalone e a jornada de ofertas e serviços aos clientes
Com a realização dos leilões de frequência, o Brasil pavimenta o caminho para a chegada em 2022 do 5G standalone, que não depende do 4G. “A definição do espectro, o formato de comercialização das licenças e a concorrência obtida nos leilões evidenciam o protagonismo do Brasil na América Latina. Em relação a América Latina, vamos largar na frente tanto nas regras do jogo quanto na conversão de receita, o que nos coloca como protagonistas na oferta de 5G na região”,explica Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria de telecomunicações da IDC Brasil.
O tripé baixa latência, alta capacidade de banda (velocidade) e elevada densidade de conexões removerá barreiras, permitindo o desenvolvimento de vários elos do ecossistema de tecnologia, como devices, cloud, vendors, operadoras, desenvolvedores de software e clientes, que darão protagonismo aos use cases.
Até 2025, o 5G deve movimentar no Brasil cerca de US$ 25,5 bilhões, impulsionando a maior adoção de tecnologias como inteligência artificial, Big Data & Analytics, Cloud, segurança, AR/VR, Robotics e IoT.
3) IoT (Internet of Things) e os desafios para conciliar necessidades de transformação digital, inovação e o pragmatismo da redução de custos
Em mercados emergentes, como o Brasil, implantações de IoT que visam reduzir custos e aumentar a eficiência operacional têm mais força frente a temas de inovação. Fatores como melhorias de segurança, ganhos de receita, satisfação dos clientes e impactos ambientais são prioritários para as empresas avaliarem o sucesso e apostarem no uso da tecnologia. Em 2022, a IDC projeta esse mercado em US$ 1,6 bilhão, composto por soluções e serviços relacionados a IoT no Brasil, o que representa um crescimento de 17,6% em relação ao ano anterior.
“A crescente adoção de IoT no país será impulsionada principalmente pelas oportunidades de melhorar a qualidade, a eficiência e o customer experience do produto ou serviço. Novidades combinando IoT, 5G, Edge Computing e Analytics darão suporte e habilitarão ainda mais casos de uso de dados em tempo real”, explica Saboia.
4) Device as a Service (DaaS) evoluem para maior maturidade e ofertas mais abrangentes
A oferta de dispositivos como serviço tem conquistado cada vez mais espaço no Brasil e atraído o interesse de novos fabricantes e usuários, sejam de impressoras, desktops, notebooks, tablets ou smartphones. Com melhor qualidade e quantidade, o DaaS atinge uma maturidade oriunda dos feedbacks dos personagens deste mercado e deve seguir em alta.
“O aumento dos preços dos dispositivos é outro fator que impacta diretamente na maior demanda por DaaS, já que esta é uma forma das empresas diluírem seus investimentos com equipamentos em vários anos”, explica Reinaldo Sakis, Gerente de Consumer IDC BRasil “Somente o mercado de PCaaS (PC as a Service), que é uma parte de DaaS, deve ultrapassar os U$ 100 milhões no Brasil este ano, representando um crescimento acima de 21% em relação ao ano passado”, completa.