Desde que assumiu a presidência do Banco Central, o economista Roberto Campos Neto vem reforçando que a adoção do pagamento instantâneo é uma das prioridades da sua gestão. Em declaração recente, afirmou que buscará avanços nessa área como uma das medidas para estimular a concorrência no setor financeiro e inserir o país no mercado internacional.
No fim de novembro do ano passado, o Grupo de Trabalho de Pagamentos Instantâneos, instituído pela Portaria de número 97.990 e sob coordenação do servidor Breno Santana Lobo, finalizou o estudo dedicado à escolha do modelo de pagamentos instantâneos e à sua forma de implementação. A expectativa de Lobo é que o sistema esteja disponível até 2021.
Entre as vantagens estão agilidade na realização dos pagamentos e diminuição dos custos – em comparação com a TED e o DOC, os serviços mais usados para transferências bancárias. A diferença em tempo de concretização do pagamento e custo da operação é muito grande entre essas transferências bancárias e o pagamento instantâneo, já que cada transação nesse novo modelo sai por centavos e é completada em segundos. Outra vantagem: ela pode ser feita 24 horas por dia e de domingo a domingo.
Não é somente essa dinâmica que sofrerá mudança. Com a entrada em funcionamento do sistema de pagamentos instantâneos, a forma de pagar por produtos e serviços deve mudar, com a substituição do dinheiro e dos cartões (de crédito ou débito) pelos dispositivos eletrônicos, com destaque para o smartphone. As transações serão concretizadas pela internet e com o auxílio de recursos como o QR Code, que pode ser usado, por exemplo, para identificar o pagador. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), há no Brasil 220 milhões de aparelhos celulares para 207,6 milhões de habitantes, o que mostra as imensas oportunidades que existem na utilização do celular como meio de pagamento.
“Todos vão ganhar. As fintechs, como em outros países, poderão explorar um mercado promissor. Os consumidores farão os pagamentos de forma rápida e barata e os comerciantes vão reduzir seus custos. O sistema de pagamentos instantâneos dispensa o uso das maquininhas, e o vendedor recebe na hora, pois o valor da compra entrará na conta em tempo real”, avalia o presidente da ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital), Rafael Pereira.
Na China, o sistema de pagamentos instantâneos é popular a ponto de ter feito o país pular a etapa dos cartões de crédito/débito. “Diferentemente do Brasil, a China passou rapidamente do dinheiro para os pagamentos online. Por aqui, o que deve acontecer é a migração partindo dos cartões, cujo uso vem crescendo substancialmente com o passar dos anos, para a forma online de pagamento, ainda que os dois possam conviver harmoniosamente”, diz Pereira.