A tecnologia está presente no dia a dia das pessoas, desde atividades rotineiras caseiras até o trabalho das empresas. Cada vez mais pensamos na informática como a principal área para que outras áreas funcionem. O simples toque em um aplicativo é resultado de complexo estudo e análise para se chegar a algo fácil de usar e que torne o usuário preocupado com o resultado do software adquirido
Por Renato Cardoso Aguiar
1. Introdução
Tecnologia da Informação: conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos de computação que visam a produção, o armazenamento, a transmissão, o acesso, a segurança e o uso das informações.
Ao analisarmos a definição citada acima e caso façamos outras pesquisas sobre o tema, perceberemos algo em comum “o uso das informações”, e para tal uso temos a necessidade de TI para transformarmos a informação em conhecimento, para vivermos a “ERA DO CONHECIMENTO”.
Estranho, informação e conhecimento. Sim, a informação trabalhada com experiência e cultura da empresa, transformada em conhecimento e depois em inteligência empresarial, quando aplicada no conhecimento, que tem como consequência o resultado para futuros negócios.
Isto é igual a uma pirâmide, os dados trabalhados e integrados se transformam em informações, que através de novas integrações adiciona-se a cultura da empresa e aí obtêm-se o conhecimento, que analisado, integrado e trabalhado se transforma em inteligência empresarial, fonte para tomada de decisões e futuros negócios.
E como se analisa, integra, trabalha, adiciona, transforma, obtém, emprega? Com o uso da Tecnologia da Informação e Sistemas de Informação, que administram as informações e as ações o que falamos no parágrafo anterior e tem como objetivo principal, o negócio da empresa.
Logo, o mundo dos negócios são cada vez mais dependentes de tecnologia.
Cada vez mais, o uso inteligente e transformador da tecnologia será o grande diferencial competitivo das empresas.
Além dos sistemas que ajudam e substituem alguns processos empresariais, outro assunto bastante comentado é a Internet das Coisas (IoT), que juntamente com a Inteligência Artificial (AI), serão responsáveis pela grande transformação das empresas e do cotidiano de cada um.
Assim como a Internet no início do ano 2000, quem não aprender a trabalhar com Inteligência Artificial, dificilmente vai criar as modernas empresas do futuro.
Contudo, a modernização ou automação de processos acompanhou as empresas e suas consequentes substituições de profissionais certificados e processos manuais e complexos. O conhecimento e experiência de anos de trabalho foram substituídos por algoritmos de inteligência artificial.
O quanto esta dependência em tecnologia é bom para a empresa e o quanto a volta aos procedimentos originais, no caso de um problema operacional, é complexo?
2. Alguns problemas que as empresas enfrentam
No início dos anos 90, uma fábrica resolveu modernizar sua área de projetos e produção. A área de TI acompanhando esta modernização resolveu comprar licenças de AUTO CAD, os engenheiros mais velhos deveriam ser treinados pelos estagiários mais jovens envolvidos na instalação do software. Seis meses depois, os estagiários mudaram de empresa devido ao know-how adquirido, os engenheiros mais velhos voltaram à velha prancheta e a modernização da área de projetos e o AUTO CAD foram abandonados.
Um backup site montado para uma empresa, exigia que os procedimentos de replicação fossem sincronizados, isto é, o mesmo dado processado no site original era replicado para o site de contingência em real time. Meses depois, um erro em codificação foi replicado automaticamente para o site backup, resultado – tanto o site original como o de contingência ficaram indisponíveis.
A área de TI de uma empresa adquiriu um storage com disponibilidade automática, quer dizer, se um equipamento caísse o segundo assumiria. Quando isto aconteceu o core de rede se perdeu e a rede toda da empresa ficou indisponível.
Uma grande empresa com venda direta ao consumidor com várias lojas espalhadas em diversas localidades tem um bug em seu sistema principal. A área de sistema responsável pelo software resolve aplicar um patch, o que afetaria todas as lojas, durante um feriado extenso, o responsável pela área de TI sugere que isto seja feito paulatinamente, isto é, uma localidade de cada vez, entretanto a área de sistema insiste no primeiro procedimento e diz que o mesmo já fora aplicado no ambiente de homologação com sucesso (embora a área de TI saiba que existe diferenças pequenas entre os ambientes) e que o procedimento é emergencial, enfim o patch é aplicado. No primeiro dia útil após o feriado, as lojas ficam indisponíveis durante uma boa parte do dia até o problema ser resolvido.
Empresa de investimento, durante uma tarde inteira, a área financeira espera um e-mail para aplicar uma grande soma em dinheiro, o e-mail só chega no dia seguinte. A área financeira procura verificar o que houve com a Área de TI, e souberam que houve uma indisponibilidade pequena no correio eletrônico e os e-mails antigos foram enfileirados e só chegaram após horas, a empresa perdeu o investimento.
2.1 Argumentação
O que há de comum entre os casos? Além de prejuízos, há uma preocupação muito grande com a tecnologia, em consertar algo que para TI é emergencial, em adquirir o estado da arte para ter disponibilidade de TI, esquecendo-se do negócio da empresa.
A grande maioria das falhas de projetos que envolvem TI e. logicamente, a sua interdependência com o negócio, não são problemas técnicos ou humanos, mas a causa destes riscos acontecerem, é a falta de processos bem estruturados e a inexistência ou a ineficácia de uma área de governança de TI ou ainda a falta de procedimentos de análise de riscos ou mais ainda, conhece o risco, mas não se dá atenção ao mesmo.
Uma preocupação técnica, em disponibilizar o que há de mais moderno para aquele projeto de tecnologia, esquecendo-se das pessoas e dos processos, esquecendo-se de pensar no cliente, no usuário e na disponibilidade do negócio.
Algumas pessoas ao ler o que foi escrito, terão várias alternativas, mas pensarão em tecnologia, em formas de disponibilizar melhor a tecnologia para resolver os problemas “fictícios” lidos acima. Será a solução?
Pensar em soluções para minimizar os riscos técnicos ao invés do risco do negócio será a solução? Não levar a preocupação de TI para áreas de negócio. Tratar os riscos sob uma visão, que não pode acontecer ou se acontecer, não terá um dano tão grande como se fosse uma empresa do ramo financeiro, é o modo mais correto de pensar, sabendo-se da dependência, cada vez maior, do negócio a TI?
Por que não pensar em processos bem estruturados, em procedimentos, em mudanças, em ambientes com atualizações planejadas e contínuas, com ciclos de desenvolvimento e infraestrutura, com a criação de uma área que governe e que saiba monitorar esses processos criados?
Por que não criar uma área que garanta a segurança e a disponibilidade do negócio, junto com procedimentos de contingenciamento verificados e testados por gestores da informação, responsáveis pelo negócio? Por que estes gestores juntamente com outros de áreas interdependentes não podem fazer parte de um grande comitê, para participar das escolhas dos melhores processos de mudança, de aplicação de patches sem prejudicar o seu negócio?
Por que não definir uma equipe de arquitetura que se preocupe com tecnologia conhecendo o negócio ou as áreas de negócio envolvidas? Por que não pensar em segurança e em plano de recuperação de desastres como uma grande empresa financeira do mercado? Porque, ao dizer que isto gerará despesas, não ter uma área que governe a saúde financeira de tecnologia e defenda o orçamento junto às outras áreas?
Por que algumas empresas, ao ter áreas que cuidam do que foi falado, não dão autonomia a elas, ao invés, de erroneamente eliminá-las, devido à corte de custos? Por que no Brasil não se copia modelos que deram certo nos EUA e Reino Unido? Por que tratar tecnologia como o desconhecido ou como indecifrável? Porque não criar um discurso fácil de entender, apontando o que pode vir a ocorrer após uma intervenção de TI?
Por que a área de TI em algumas empresas têm que ser uma área meio e não a responsável pelo fim, pelo negócio da empresa? Usar a tecnologia como melhoria dos processos, tendo as Áreas de Governança e Segurança como pilar de sustentação, inovação, suporte e interface entre os negócios da empresa.
3.Conclusão
Sair na vanguarda de novas tecnologias para transformar seu negócio é uma vantagem competitiva, entretanto entender e colocar TI como participante do negócio, minimizando as vulnerabilidades, controlando os riscos das ameaças em explorá-las, mas não somente sob o ponto de vista técnico, mas comercial, com certeza ajudará a transformar e manter a disponibilidade do seu negócio, fazendo com que esta vantagem competitiva perdure mais tempo.
Usar a tecnologia como dona da informação, irá fornecer o diferencial para a empresa ganhar novos negócios, para tratar o principal patrimônio da empresa, a informação, como diferença competitiva.
*Renato Cardoso Aguiar