Estudo da Harvard Business Review Analytic Services, focado exclusivamente nas tendências observadas na região, mostrou que metade das empresas entrevistadas espera obter ganhos de eficiência e produtividade com adoção de novas tecnologias. A computação de borda, a biometria e a robótica avançada são as três tecnologias com maiores níveis de adoção.
As empresas da América Latina estão propensas a experimentar. Impulsadas por una sólida infraestrutura digital e uma maturidade digital no comportamento do consumidor, cada vez mais elas estão adotando tecnologias emergentes: 90% aumentarão seus investimentos nesse segmento nos próximos doze meses. Os dados são do estudo “Impulsionar a adoção de tecnologias emergentes na América Latina” realizado pela Harvard Business Review Analytic Services, em parceria com a NTT DATA.
A pesquisa, realizada em 2022 com 316 executivos da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e México, aborda diferentes eixos, incluindo o impacto nos negócios das tecnologias emergentes, quais as tecnologias mais adotadas, com quais objetivos são implementadas, quais são os obstáculos para suas incorporações e quem são os responsáveis estratégicos que tomam a decisão de adotá-las.
“A principal contribuição fornecida por este relatório é que, ao contrário do que acontece em geral com estudos desse tipo focados em regiões como Europa, América do Norte ou Ásia-Pacífico, ele nos permite entender a realidade da América Latina”, diz Alberto Otero, sócio e líder de Digital Technology Americas da NTT DATA.
Uma das conclusões é que tanto os resultados alcançados até agora quanto as perspectivas para o futuro com a adoção dessas tecnologias são positivas. De fato, 90% consideram que as tecnologias emergentes são “extremamente” ou “muito” importantes para o sucesso das suas organizações; 87% afirmam que se beneficiaram delas nos últimos dois anos e 88% concordam bastante que os benefícios oferecidos por essas tecnologias justificam o valor do investimento, com melhoria na reputação da marca, aumento da receita e da lucratividade ou retenção de clientes como alguns dos pontos mais relevantes.
A computação de borda (edge computing), que aproxima a inteligência de processamento de onde os dados são gerados e consumidos, é a tecnologia emergente mais utilizada pelas organizações da região, com uma adoção de 65%, aplicada em geral para que as empresas possam ganhar velocidade e escalabilidade em ambientes cada vez mais distribuídos.
Em seguida temos a biometria (63%) – com o objetivo de fortalecer a segurança –, a robótica avançada (60%), aplicada principalmente a soluções da indústria, a realidade virtual e aumentada (56%), 5G (55%) e a inteligência artificial (54%). Alguns degraus abaixo, aparecem blockchain e moedas digitais (49%), o metaverso e a computação quântica, ambas com 45%.
Objetivo: aumentar a eficiência e a produtividade
A necessidade de aumentar a produtividade é o principal motivo que direciona os investimentos em tecnologias emergentes. Metade dos entrevistados mencionou isso diretamente, juntamente com a necessidade de reduzir os custos produtivos. Logo abaixo aparecem outros aspectos também ligados à busca por maior produtividade, como a melhoria da eficiência da produção (46%) e a otimização de processos empresariais para uma tomada de decisão mais rápida (40%).
“Em um momento em que as empresas estão se tornando negócios digitais, ficar à frente e abraçar as tecnologias emergentes significa enfrentar os desafios que estão por vir em termos de produtividade, competitividade, crescimento e resiliência”, diz Pablo Sáez, sócio líder de Digital Technology da NTT DATA Brasil. “O que vemos com grande satisfação é que as empresas latino-americanas não só estão aumentando seus investimentos nesse sentido, como, principalmente, têm desenvolvido cada vez mais o gene inovador em sua cultura”.
Do ponto de vista dos obstáculos, os mais relevantes são a escassez de talento e a falta de experiência e o déficit de competências (73%). Embora seja uma questão global, as empresas latino-americanas têm o desafio adicional de, em um cenário em que predomina o trabalho remoto, terem que competir por talentos com organizações de todo o planeta. Outras barreiras são a dificuldade para integrar as soluções à infraestrutura de TI existente (34%) e a falta de recursos financeiros para investir em treinamentos ou nas próprias tecnologias (31%). Também é citada a conscientização da camada executiva para que entendam como impulsionar uma tecnologia emergente dentro da organização.
É possível evitar essas complicações? Para 88% dos entrevistados, grande parte da solução é escolher o parceiro de tecnologia adequado. Para 86%, também é fundamental desenvolver uma cultura corporativa baseada na inovação, que também impacta na capacidade de obter e reter talentos: as novas gerações avaliam muito mais do que o salário ao escolher onde trabalhar. Nesse sentido, uma empresa que utiliza tecnologias de ponta é mais atrativa do que uma que continua atrelada a metodologias e formas ultrapassadas de fazer as coisas.
Em termos de liderança, as áreas de TI continuam sendo fundamentais na identificação das soluções que melhor se adaptam aos objetivos estratégicos da organização: em 65% das empresas, a decisão dos projetos passa pelas mãos dos executivos de C-level dessa área, que, além de lidar com os objetivos tecnológicos, também são responsáveis pelos propósitos do negócio em suas decisões. No entanto, cresce o envolvimento dos executivos do mais alto escalão, como CEOs e diretores gerais e já atinge quase a metade dos casos.
A perspectiva é otimista: as empresas latino-americanas continuarão apostando em tecnologias emergentes e, assim, alavancarão não apenas sua competitividade como o desenvolvimento econômico da região.