Um novo relatório da NTT DATA e do MIT Technology Review en español revela que o setor de mineração vem priorizando o aumento da eficiência como principal motor para esses investimentos. A transformação cultural e o desenvolvimento de talentos são os verdadeiros desafios para sustentar essa evolução. A pesquisa mostra que nos últimos três anos, 52% das organizações do setor de mineração destinaram orçamentos anuais entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões para iniciativas de autonomia e digitalização, enquanto 24% investiram mais de US$ 10 milhões.
Segundo a análise, entre as principais motivações, 31,08% dos entrevistados apontam a “melhoria da eficiência” como o fator estratégico predominante para avançar rumo a modelos mais autônomos ou digitalizados — superando, inclusive, motivações tradicionais como “redução de custos” (27,03%) ou “aumento da segurança” (25,68%). Essa busca por eficiência se concentra, sobretudo, em operações críticas da cadeia de valor, como planta, logística e manutenção. Nelas, a autonomia não é apenas um objetivo tecnológico, mas um meio de elevar a produtividade, minimizar períodos de inatividade e reduzir riscos. Entre os fatores de menor peso aparecem pressão competitiva (6,76%), inovação tecnológica (5,41%), cumprimento regulatório (2,7%) e cultura organizacional (1,35%).
Entre os benefícios mais citados estão o aumento da produtividade (22,12%), a redução dos custos operacionais (20,19%), a melhoria da segurança (17,31%), a maior precisão nas operações (14,42%), a melhor utilização de recursos (14,42%) e a redução do tempo de inatividade (11,54%).
Os pesquisadores afirmam que os sistemas de gestão de dados e análises surgem como a tecnologia-chave (21,70%) para viabilizar operações autônomas, evidenciando a importância da disponibilidade, integração e análise de dados como base para otimizar processos, antecipar riscos e oferecer suporte na tomada de decisões autônomas. Em seguida aparecem inteligência artificial e machine learning (17,92%), robótica e automação de equipamentos (16,98%) e, em menor escala, infraestrutura de comunicações e Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês).
Em termos de liderança, 56% das empresas relatam uma abordagem mista, que integra múltiplas dimensões, como colaboração entre equipes multifuncionais e modelos que combinam centralização, distribuição, colaboração e inovação. Já 24% das empresas mantêm um modelo de liderança centralizado, principalmente na alta gestão, enquanto 20% delegam a responsabilidade a departamentos individuais. Isso mostra que o setor entende que a transformação rumo à autonomia requer uma liderança distribuída, que não pode depender de uma única figura central.
De acordo com a pesquisa, a transição, portanto, não é apenas um desafio tecnológico, mas, sobretudo, um processo de reconversão de talentos, adoção cultural e desenvolvimento de novas competências. Por isso, muitas companhias avançam no desenvolvimento de capacidades digitais e na transformação cultural como eixo fundamental para habilitar a autonomia. Em um contexto em que a indústria enfrenta perda contínua de atratividade entre os novos profissionais, essa estratégia torna-se essencial para despertar o interesse do talento jovem. A escassez de profissionais especializados é apontada como barreira por 14,49% das empresas do setor.
Esse não é o único obstáculo para as operações autônomas em mineração. O estudo destaca como principais desafios a resistência à mudança cultural (27,54%) e os altos custos de implementação (23,19%).
“O verdadeiro avanço na autonomia da mineração pode depender menos da tecnologia e mais da capacidade do setor de repensar e construir um modelo operacional completamente diferente”, destacou Freddy Teixeira Peluso, head de Recursos Naturais da NTT DATA Brasil. “Um dos principais desafios da próxima década será implantar uma mentalidade digital que permita não apenas adotar novas tecnologias, mas também redesenhar, desde a concepção, a forma como a mineração é planejada, operada e gera valor.”


