A mudança da cultura interna do Magazine Luiza levou a varejista a patamares elevados de inovação. Segundo o diretor de Tecnologia, André Fatala, para isso acontecer, é preciso contar com uma base tecnológica que suporte esse movimento, ou seja, expor toda infraestrutura no processo de disrupção a fim de criar novas possibilidades.
“Não é uma jornada de transformação digital, mas sim um movimento. Ele pode acontecer muito rápido ou mais devagar, vai depender do ritmo de cada negócio. E esse movimento não acaba, ele se transforma, diferente da jornada que tem um início, meio e fim”, destacou o executivo na abertura da 6ª edição do Congresso TI & Varejo, que aconteceu na semana passada, em São Paulo. Fatala acredita que esse movimento deve acontecer de baixo pra cima, mas com o patrocínio da diretoria.
Em 2010, a equipe reescreveu todo o código do e-commerce e abriu as APIs para criar novos produtos. Dois anos depois, a varejista deu voz ao Luiza Labs, uma área de pesquisa e desenvolvimento que começou com 5 pessoas e hoje conta com mais de 300 profissionais. Esse departamento envolve toda TI, responsável não só pela inovação tecnológica, mas também por toda operação física e online.
“Nada disso seria possível se o Frederico Trajano, hoje CEO do Magazine Luiza, não tivesse apostado na nossa capacidade de inovar. Como ele mesmo diz, somos uma empresa digital com pontos físicos e calor humano. O que o Magazine se tornou hoje é resultado dessa iniciativa, com visão estratégica e poder de execução”, pontua Fatala.
Durante a apresentação, o executivo listou alguns passos importantes para os varejistas seguirem o exemplo de inovação. A maneira de fazer as coisas acontecerem foi a chave do sucesso do Magazine Luiza, com pensamento ágil e aprendendo com os erros, a rede se tornou um grande case de sucesso de disrupção e presença no digital.
E esse desenvolvimento acontece dentro de casa. A empresa deixou dos contratos terceirizados das empresas de tecnologia e contratou desenvolvedores para pensar 100% nos negócios. E no movimento de transformação, a equipe contou com resiliência, sabendo que iria tropeçar e cair, mas superou os obstáculos e aprendeu com os erros. Tomar decisões a partir de dados gerados internamente, empoderar o desenvolvedor, formar times e construir uma organização que se adapta muito rápido às demandas são outros ensinamentos deixados por Fatala.
“Nem todo mundo vai te acompanhar nesse movimento, muitos ficarão para trás porque as pessoas não têm medo da mudança, mas do que elas vão perder com isso. Alinhamento interno, fomento de soluções inovadoras e comemoração das pequenas conquistas são etapas fundamentais para o sucesso nessa era de transformação”, completou.
Em entrevista à TVDecision, Fatala também destacou um movimento forte sobre a mudança do perfil do profissional que lidera a Tecnologia da Informação dentro das empresas. Se, por um lado, o CIO está vivendo essa transformação, por outro, existe uma nova geração de gestores.
“De certa forma, essa transformação mexe com o perfil de liderança do profissional. Na TI tradicional, eu preciso executar tudo de forma excelente para entregar processos corretos para o negócio. Quando a TI é protagonista na geração de resultado, ela precisa comprar mais riscos. Em ambos, temos que seguir a regra sagrada da tecnologia: segurança, disponibilidade e performance”, acrescentou Fatala.
Para ele, a mudança do CIO não diz respeito à geração, mas uma visão diferenciada sobre o papel da tecnologia nesse novo momento digital. “Até porque, existem pessoas no meu time que têm o dobro da minha idade. Eu aprendo muito com eles e eles comigo”, finalizou o diretor.